A estudante de direito Beatriz Juliana Gomes Barros, de 21 anos, descobriu que estava grávida no momento em que a criança começou a nascer em Piracicaba (SP). A jovem, que é atleta, disse que desconhecia a gravidez e a família achava apenas que ela estava acima do peso. Também surpreso, o marido e preparador físico Romenigue Oliveira Santos, de 30 anos, teve de fazer o parto em casa e, nesta sexta-feira (11), disse que não sabia descrever a emoção.
Santos chegou do trabalho por volta de meia-noite da última quarta-feira (9), fez com que o outro filho de 2 anos voltasse a dormir e foi descansar. Nesse meio tempo, Beatriz foi ao banheiro e retornou para o lado dela na cama. Quando o marido já pegava no sono, a estudante de direito o chamou assustada. Um líquido incolor tinha saído de seu corpo e molhado o colchão do casal.
Tentando manter a calma, Santos sugeriu que a esposa fosse novamente ao banheiro, apesar de os dois terem concordado que a quantidade de líquido não era normal e não parecia ser urina.
"Não sei que tipo de força ela fez no banheiro que saiu uma mãozinha", relatou. "Isso foi bizarro." Beatriz gritou desesperada e acordou a casa inteira mais a residência dos sogros. Todos foram ver o que acontecia, enquanto o filho do casal chorava no quarto ao lado. "Nós moramos nos fundos da casa dos meus pais, numa edícula, até o apartamento ficar pronto", explicou.
Santos perguntou à mulher se ela conseguia andar até o carro para levá-la ao hospital, mas a gestante disse que estava sentindo muita dor. Então, o preparador físico colocou Beatriz na cama e chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que pediu para que ele não fizesse mais nada e aguardasse a chegada da ambulância.
O parto
A mãe e a irmã mais velha do preparador físico precisaram esperar o Samu fora do quarto, porque estavam tão aflitas quanto o casal. "Elas nunca tinham visto uma situação parecida", justificou Santos. "Eu também não sabia o que fazer, então só fiquei abraçado a ela."
Ele não esperava, porém, que a bebê faria Beatriz gritar de dor e, vendo o sofrimento da companheira, desobedeceu a ordem do Samu e decidiu que a criança nasceria ali mesmo, às 2 horas da manhã. A menina ganhou o nome de Pietra Hemanuelly.
"Coloquei a mão e fui ajudando. Fui manuseando a cabecinha até que saiu. Até então, o bracinho dela estava escuro, porque ficou bastante tempo para fora. Nós achamos que o feto estava morto", contou o marido da estudante.
"Não demorou dois minutos, ela foi fazendo força e eu fui ajudando, até que saiu o corpo todo", continuou. "Só que a princípio ela não chorou, mas logo eu vi que os olhos começaram a mexer. Aí meu coração disparou. Não sei descrever a felicidade que eu senti."
"Ela começou a fazer um barulho bem baixinho, como se fosse um gatinho miando, sabe? Foi muito legal", relatou. "Assim que eu a tirei já coloquei perto da mãe. Nem a levantei porque tinha o cordão umbilical. Não demorou três minutos e o Samu chegou."
Gravidez surpresa
Santos contou ao G1 que o casal não desconfiou da gravidez porque há três meses Beatriz, que também tem uma rotina de atividades físicas, parou de treinar pesado. Os dois são atletas e, sempre que a jovem diminui a intensidade dos exercícios, ela costuma ganhar uns quilos e o ciclo menstrual fica desregulado. "Ela diminuiu o ritmo para cuidar do nosso outro filho."
Santos e Beatriz dizem que tanto não suspeitavam da gravidez que, no domingo (6), brincaram deslackline com amigos no Parque da Rua do Porto durante três horas, com direito a vários tombos, e encerraram a noite com séries de abdominais. Na manhã do mesmo dia, o preparador físico participou da prova chamada, coincidentemente, de Corrida da Fertilidade em Piracicaba.
Ele atribui a facilidade de Pietra Hemanuelly vir ao mundo à condição física da mulher. "O parto do nosso menino também foi normal. Nosso organismo reage diferente de pessoas que não treinam", afirmou. "Além disso, não tinha como a gente desconfiar, porque os seios dela não incharam nem as mãos ou pés. Vômitos ela também não teve, nem desejos, nada", acrescentou.
Por outro lado, devido à extravagância do domingo, Beatriz passou mal na segunda-feira e sofreu com intestino solto na terça. Santos disse que a criança nasceu com sete meses de gestação.
A professora de obstetrícia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Helaine Milanez, afirmou que a descoberta da gravidez no momento do parto é mais comum em pacientes obesas. No entanto, no caso de Beatriz, que é atleta de alto rendimento, isso também é possível porque o excesso de exercício físico altera o ciclo de menstruação da mulher.Pode acontecer?
Pietra Hemanuelly nasceu com 38 centímetros e aproximadamente 1,3 quilo. Ela está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC) de Piracicaba, onde ficará pelo menos um mês, pois nasceu prematura, com sete meses de gestação. Já Beatriz teve alta na manhã desta sexta-feira (11).
"Não é comum, mas é possível sim que ela tenha parado um pouco de fazer exercício, parou de menstruar, ganhou um pouco de peso, e pensou que fosse por conta de ter parado as atividades físicas. O fato dela fazer exercícios de alto impacto, também colabora para o fato do bebê não ganhar muito peso e dificultar para aparentar a gravidez", disse a especialista.
"É tudo tão novo, inesperado. Não preparamos nem enxoval. Vamos ter que começar praticamente do zero, mas não é tão ruim porque a gente tem amigos", disse Santos. "Na minha família recentemente teve bastante recém-nascido", finalizou o papai surpresa.
